quinta-feira, dezembro 21, 2006

NA TRILHA DA FLORESTA

Por: Abel Aquino
Vou caminhando pela trilha estreita da floresta. Não preciso ter pressa. Vejo pedras de um lado e do outro, algumas apontam suas quinas para dentro da trilha e nossas pernas passam por elas com cuidado. Não há ruido de passos nessa hora. O sol está no ponto mais alto do céu e as folhas das árvores repicam a luz e deixam chegar ao solo somente pedaços disformes de claridade. As folhas mortas estão cobrindo o solo e eu forço a ponta da bota no solo para levantar essa folhas e ver a cor da terra.
Escolho um tronco caido para sentar e fico olhando a minha volta. Observo o movimento das folhas mais altas sobre a pressão do vento. Um pássaro voa de um galho para outro. Neste momento não consigo pensar, lembrar de vozes, de gritos de gente. Estou usufruindo dos ruidos e gorjeios da natureza.
Meu avo gostava de contar para as crianças as coisas da mata, dos encontros de bichos e homens e a gente, criança, ouvia enbevecida. Ele sentava ao lado do fogão de lenha, olhava para nossas caras de meninos curiosos, levantava o dedo e falava de fatos e aventuras quase fantásticas. A floresta tornou-se, em nossa imaginação, o reino das histórias quase homéricas, recheadas de casos, sustos e medo.
Mas hoje não tenho medo, não sinto aquela ansia de imaginar os perigos e imprevistos que podem acompanhar um homem caminhando pelas trilhas da mata.

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