quinta-feira, dezembro 21, 2006

DILEMA

Por: Abel Aquino
A gente apenas percebe
O mover das coisas - a carta que veio.
Num segundo o livro fecha
E ela olha as cortinas estiradas,
O som da faca cortando cenouras.
Alguém pigarreia...
É o tempo - lança quebrada
E os sapatos com cheiro de graxa.
Os dedos sem anéis...
Ela não quer depender da espera.
Se o carro cruza
Outro abaixa os faróis
E a rua novamente vazia.
O blusão aperta os ombros;
Ela teme mexer nas coisas,
Encontrá-lo de volta,
Repetir os ciclos da separação.
Mas lembranças caminham!
A lonjura apangando marcas
E ela, menina, molhando os pés no rio.

Nenhum comentário: