quarta-feira, janeiro 26, 2011

O CAMINHO QUE VAI

Abel Aquino

O homem caminha solitário;
Os pés amassam a lama da estrada.
A camisa é uma bandeira que passa,
Enquanto o vento anuncia outra noite,
Soprando ruídos e farfalhando folhas.

Mesmo o observador desatento
Percebe os passos dos que vão,
Os relincho dos cavalos, o rom-rom dos motores.
Vejo caminhões cobertos de lona,
Pneus chapinhando o barro vermelho.

Tarde da noite - o bêbado cantarola,
Passa e tudo volta ao silêncio.
Faróis iluminam o capim da margem,
As poças se espalham e o veículo vai;
Fica apenas o brilho frio do luar.


De manhã a nevoa atravessa o milharal;
Acima do capim vejo a cerca de madeira.
As vezes tenho vontade de seguir o mundo,
De trilhar velhas e novas paisagens,
fadigar e seguir o caminho de volta.