terça-feira, novembro 04, 2014

DUAS FORMAS DE EXPROPRIAÇÃO


Quais são as duas formas de tirar uma parte da renda de quem trabalha honestamente?
A primeira é através do assalto a mão armada. A segunda é através do Estado, por meio da cobrança de impostos. A diferença entre um e outro é que o assaltante não dá justificativa pelo que faz. Já o Estado diz que está tirando parte dos seus rendimentos para cuidar da sua saúde, da sua segurança e da sua educação. Se você reclama que não consegue tratar de sua doença com os impostos que paga, nem tem segurança, muito menos escola decente para colocar seus filhos, o agente do estado vai dizer que isso é problema do Estado e sua obrigação é de pagar corretamente os impostos e não ficar reclamando.

Se você for assaltado e disser ao bandido que não vai passar a carteira, leva um tiro e morre. Se você não pagar os impostos, fica sem suas propriedades e ainda vai preso. O bandido que o matar receberá proteção dos milhares de movimento pelos direitos humanos e, com um pouquinho de sorte, terá 95% de chance de jamais ser preso. Já, com o sistema informatizado do Estado, sua chance de não ser pego, processado e preso, é praticamente zero.

terça-feira, outubro 28, 2014

O PT E O PRI MEXICANO


Abel Aquino

Neste ano tivemos dois eventos que pararam todo o país: a copa do mundo e as eleições.Os dois momentos foram recheados de apelos ao patriotismo. Eu torci pela Seleção Brasileira sentindo impotente e, ao mesmo tempo, desempenhando o papel de otário. Na verdade, está cada vez mais difícil ser patriota nesse país. Aliás, ser  patriota sempre me pareceu uma postura idiota. Ter orgulho do lugar onde nasceu é como acreditar que se tivesse nascido na China não seria a mesma coisa. É uma crença estúpida. De qualquer forma, eu tinha razão nas minhas angustias, pois não foi fácil ver a goleada da Alemanha em cima da gloriosa seleção canarinho. Ser torcedor é como ter vontade de pegar um objeto e estar com as mãos amarradas nas costas;  você nunca pode fazer nada, a não ser gritar de alegria quando a seleção ganha ou chorar de tristeza quando perde. Isso é muita impotência para um ser humano só.
Agora falando da eleição, tive o mesmo sentimento de estar com as mãos amarradas por não  conseguir dar uma pitada sequer nos rumos da política. A Dilma e o Aécio, os dois finalistas, sendo ambos de esquerda, deixaram-nos a opção entre uma esquerda” lobo vestida com pelo de cordeiro” e uma esquerda, digamos, “civilizada”. Uma anêmica opção e deprimente, para piorar. Na verdade, senti que precisava escolher, não na idéia do mal menor, mas na de que com o Aécio era uma importante tentativa de tirar os lobos famintos que há doze anos corroem as instituições brasileiras. O desejo de ver uma nação mais livre do peso morto do Estado ficaria para o incerto futuro. O resultado foi muito curioso, dividiu o país entre os que não precisam de favores políticos e os que sem o bondoso Estado passam fome. Como a pobreza é útil!
Acredito que o PT tem a faca e o queijo na mão e pode ficar algumas boas décadas no poder. Imagino que  arriscas se transformar numa espécie de PRI mexicano, mantendo o poder e o país por varias décadas no atraso e na servidão. Nas próximas eleições, basta acusar o adversário de que tem a intenção de acabar com a Bolsa-Familia e, imediatamente, garantirá uns quarenta milhões de votos rumo a um novo mandato. O PT institucionalizou a compra de voto e em escala monumental, como nunca neste país.....

 Agora saia dessa, oposição!

sexta-feira, outubro 24, 2014

COMO! A PETROBRÁS É NOSSA? QUERO MINHA PARTE

Abel Aquino

Hoje, dialogando com um eleitor da Dilma ouvi, em alguns minutos, todos aqueles chavões da esquerda brasileira. Disse ele que a Petrobrás é do povo, é patrimônio da nação, que acredita que a Dilma não sabia de nada e que vai recuperar a empresa. Disse que só o PT preocupou com os pobres e que o PSDB é partido da elite. Para espantá-lo um pouco eu afirmei que admirava saber que ele se sentia dono da Petrobrás porque eu era incapaz de ver minha parte naquela empresa. Com que base ele afirmava que ela é do povo? Não soube Responder. Disse a ele que todas as acusações de que o PSDB é privatizante e que queria vender a Petrobrás me decepcionaram. Me decepcionaram porque sabia que não era verdade, pois tinha certeza de que o PSDB é tão ou quase tão estatizante quanto o PT. Por mim, acabaria com todas as estatais do pais, privatizaria tudo. Ele arregalou os olhos.
 Eu perguntei:  se a corrupção dominar a empresa em que você trabalha,o que acontece? Ela quebra, não é? Quebra e fecha. Agora quando um dirigente de uma estatal  desvia dinheiro até deixá-la a míngua, o que acontece? Ela quebra e fecha? Respondeu que não. Pois, então, continuei, toda e qualquer estatal corre, permanentemente, o risco de tornar-se instrumento de uso político. Desvirtuar a função de uma empresa por interesses particulares é fácil quando essa empresa está sob controle de governantes ávidos de poder ou que querem obter altos beneficio com o uso desse poder. O rapaz abaixou a cabeça e balançou os braços, visivelmente incomodado. Então considerei a conversa por encerrada, certo de que não tinha conseguido abalar suas convicções.
Eu sempre fico estarrecido quando encontro alguém que acredita que a Petrobrás é nossa, considerando esse “nossa” como todos os brasileiros. É uma crença tão sem base real quando a crença no Papai Noel, entanto persiste altaneira e sem arranhões ao longo de décadas, como verdade tão sólida quando a ingenuidade média do povo.
Juro que tentei, por meio de repetidos momentos de meditação e atos de renuncia, sentir-me parte da Petrobrás, talvez imaginar qual parte daquelas torres fumacentas, daquele enormes tanques cheirando betume, daquelas imensas plataformas balouçando no mar, mas fracassei.Não descobri nenhuma maneira de ver, apalpar ou reinvindicar a parte da empresa que me pertece como cidadão brasileiro, pagador de pesados e sufocantes impostos.

Há muito tempo desisti de acreditar, se é que alguma vez acreditei, que tenho alguma parcela, por menor que seja, da Petrobras. Para mim sinto-me que ela é tão parte de mim quanto um iceberg que se desprende da calota polar no verão.  Sou tão obtuso que não consigo perceber qual seria a diferença de abastecer meu carro com gasolina feita por uma empresa brasileira ou por qualquer outra. Sei que não há dificuldade nenhuma em perceber que me interessa a qualidade desse combustível, em primeiro lugar e, em segundo, o quanto pago por ele quando vou abastecer o carro.  Qualquer pessoa com um mínimo de cultura econômica sabe que o preço que pago é determinado por duas condições, que os economistas chamam de variáveis, ou seja, quanto se produz e quanto se compra. É a mecânica da oferta e da procura. Se tem mais gasolina pra vender e menos gente pra comprar o preço tende para baixo, se há menos gasolina e mais consumidores, o preço tende para cima. Outra coisa, a oferta depende de quantos a oferecem; se só um produz e vende, ele pode manipular o preço e sacrificar a demanda. Se só alguns produzem e vendem, esses podem estabelecer um conluio, controlar a oferta e, com isso, distorcer os preços a seu favor. Já quando muitos produzem e muitos  vendem, o consumidor passa a ser privilegiado, tem até certo ponto, poder de ditar os preços. Todas essas situações podem acontecer independentemente de serem os produtores nacionais ou estrangeiros. Dizer que é um bem incalculável poder se vangloriar de ter uma gigante petroleira, puramente nacional, e que nos abastece carinhosamente com bom e barato combustível, é contar piada de mal gosto. Por muitas razões isso é um engodo. Nossa gasolina não é a mais barata do mundo e muito menos a melhor. Pelo contrario, os carros importados precisam de custosas adaptações para funcionar com esse nosso combustível de quinta categoria.  24/10/2014

quinta-feira, maio 29, 2014

SERENIDADE



 Quem procura diversão, busca esquecer?
Talvez queira excitar o corpo e a mente
Ou cansar as pernas e distender os músculos.
Mas também há diversão em sentar
 - Despreocupado -num tronco caído e soprar a gaita.

Posso até tirar prazer do barulho da chuva
Ou ouvir o gorgulhar do riacho lavando as pedras,
Quem sabe cortando lenha, varrendo o quintal.
Viver é mais do que fazer festas, encontrar amigos,
Rir do mundo e contar o tempo
Como aquele que tem pressa do amanhã
E esquece que a vida é curta depois que passa.

Gasto o dia colhendo tomates e limpando o terreno,
Ao mesmo tempo que os pássaros ligeiros
Reviram a terra e bicam insetos.

Posso não fazer nada em qualquer dia,
Ter a liberdade de observar e escutar
Admirar as formas de árvores centenárias,
Folhas rodopiando em direção do solo

E exclamar: pra que ter pressa!