Nosso corpo é
finito, nasce da combinação de moléculas e termina com a desagregação das mesmas moléculas. Antes de
ser gerado nós não existíamos, depois de gerado, crescemos, ficamos adultos,
envelhecemos e depois morremos, desmanchando toda aquela combinação
extremamente complexa de átomos e tudo o
que sobre são moléculas primárias. Nossa pessoa deixa, então de existir,
sobrando apenas alguns agregados de cal por mais algum tempo. Antes não
existíamos, depois não existiremos mais. O que fica?
Ficam nossas
obras. Podem perdurar as conseqüências de nossos atos e as marcas de nossa
ação. Quando Leonardo da Vinci montou a tela no fundo do ateliê e começou a
esboçar os traços que iam terminar numa das mais famosas pinturas de todos os
tempos, pensava no futuro, na imortalidade daquela obra? Pintou ele a Mona Lisa
com a intenção de tornar sua pintura uma arte para durar a eternidade?
Da mesma
forma podemos imaginar Platão, depois de presenciar seu mestre beber o veneno
de sua sentença, sofrer a angustia de
vê-lo apagar lentamente com apenas alguns gemidos, mas, ao mesmo tempo,
desejando que todos os que estavam a sua volta continuassem a levar suas vidas
da melhor maneira possível. Platão deve ter saído dalí com a idéia de contar a história de seu
mestre e, com isso, imortalizar tanto os atos de Sócrates quanto as suas
próprias idéias e crenças. Quando decidiu escrever “A defesa de Sócrates”
estaria imaginando que, com isso, deixaria para a posteridade uma obra imortal?