CAPÍTULO AINDA SEM NÚMERO
Versículo 121 – Os seguidores de religiões cultivam a fé porque ignoram
que a dúvida não mata. Se não temessem a morte, nem os demônios, nem a fúria dos deuses, não receariam de mandar antecipadamente
seus padres, pastores e gurus para o inferno, mesmo sem
acreditar no inferno.
Versículo122 – Qualquer religião que se preze precisa ter belos e
suntuosos templos. Seus deuses são tão humanos que precisam de palácios, luxos e conforto; os súditos devem descalçar os pés e pôr-se de joelhos nesses
lugares sagrados. Precisam demonstrar algum tipo de submissão e obediência.
Versículo 123– Não podemos comprovar a
inexistência dos deuses, embora as divindades que conhecemos são demasiadamente
humanas para perdermos tempo com elas.
Versículo 130 – Quem condena as religiões não entende o papel que elas
desempenham. São respostas provisórias para perguntas que ainda não tivemos
coragem de fazer. São explicações de um mundo que ainda não aprendemos a
suportar.
Versículo 131– Religião religa o ser humano ao mundo da natureza da
qual nunca se desligou por absoluta impossibilidade, mas de que se sentia diferente e separado. Talvez por
ter a capacidade de construí-la dentro do cérebro e isso causava tamanho terror
que precisava domar, não a natureza que estava fora de si, mas a que havia
construído dentro de si. A natureza dentro de si não podia ficar sem
explicações, sem causa e efeito compreensível. Por isso que a ciência é uma
continuidade da religião que substitui o dogma e a
explicação arbitrária pela hipótese e pelo experimento; de certa forma a
ciência não destrói a religião, vai além dela. Na verdade dá continuidade ao objetivo de diminuir o
terror que o desconhecido, a mudança e o futuro incerto causam no ser humano
Versículo 132– O medo do trovão e do raio não era medo do trovão e do
raio; era medo do poder do trovão e do raio. O ser humano precisava saber a
natureza do trovão e do raio para poder, de alguma forma, descobrir um meio de
evitá-lo ou domá-lo. Dizer que o trovão e o raio eram a manifestação do poder de um Deus
qualquer foi o recurso inventado, primitivo e tosco, na tentativa de domá-lo. E
aí estava o germe da ciência de hoje.