A relação
entre pensamento e vida, entre as idéias que o ser humano cultiva e a vida
concreta, entre as reflexões filosóficas da vida e do mundo e o dia a dia do
cotidiano, como trançar todos esses laços? Não afastar da vida do meu chinelo,
dos meus filhos, dos meus pais, dos meus amigos, dos meus inimigos, dos meus
vizinhos, mas levar para esse mundo o que encontro nos livros, nas teses
filosóficas, nos tratados sociológicos e nas idéias de pensadores do passado,
depois trazer de volta esse adubo e fertilizar o mundo concreto de meus desejos, de anseios e
das minhas relações sociais, enriquecendo a mente e clareando os próximos
passos.
é possível?
Como posso
aprender a viver, gastando a maior parte do tempo na luta para manter-me vivo? Nalgum
momento da vida meu pão de cada dia pode estar assegurado, mas o alimento da
mente não corre risco de faltar? Como exercitar o cérebro assim como se levanta
pesos em uma academia para fortalecer os músculos?
Outro dia,
depois de ler uma volumosa biografia de Benjamin Franklin, desejei passar alguns
dias sem ler outro livro e folhear, por algum tempo, os meus próprios neurônios
agitados e, talvez, observar as idiossincrasias dos amigos e dos políticos.
Exercitar a mente viajando ao passado tende a enfraquecer minhas pernas. Corro
o risco de tropeçar na realidade do que se passa a volta. Quero comentar aquela
leitura, mas deixo para outra ocasião, pois meu pensamento agora quer
desenvolver músculos por outros meios, como observar pássaros no alto da
montanha ou tirando um tempo para conversar com amigos e parentes.
A preocupação
é a de não deixar que os contornos musculares do cérebro se atrofiem por falta
de atividade. Decidi, por alguns dias, ler o “livro aberto da vida” para
concluir com uma frase de poesia barata.