quinta-feira, junho 16, 2022

EUDAIMONIA

 Os estóicos, ao confiar que por trás da natureza humana está a razão, continuaram dividindo o  ser humano entre sua natureza e a consciência dela, como se sem a consciência e com ela a capacidade de usar a razão para se controlar, o ser humano não passaria de uma besta fera. Embora advogavam uma espécie de vida natural, em conformidade com a sua natureza, apelava para o uso da razão para controlar sua própria natureza. Isso é uma contradição  que vemos no Cristianismo, por exemplo, que substitui a razão pela fé, pela obediência a normas sagradas.

A felicidade não tem como ser permanente. Então não existe a possibilidade de se ter uma vida feliz, ou viver permanentemente num clima de felicidade. A felicidade são momentos, fazes curtas de nossas vidas.

Se eu tiver uma dor de dente, não posso estar ao mesmo tempo feliz. A vida é competição, risco, perigo, atacada constantemente por bactérias, vírus, fugos, protozoários, e tantos outros invasores de nosso corpo, sem contar com as ameaças vinda do meio ambiente, dos acidentes, dos acasos, da sorte ou falta dela. Como viver permanentemente  feliz?

Pefiro falar na boa vida. Meu esforço para criar um modo de vida que facilite a conquista e a retenção de uma vida satisfatória. Essa boa vida é a  “eudemonia” que aplico como sinônimo de “boa vida” e não de felicidade como comumente se traduz.

Então a “eudemonia” é nosso objetivo que não se alcança por meio de exercícios, esforço de vontade, obediência a preceitos ou controle das paixões e instintos.

A busca pela “eudemonia” é indireta. Na realidade, acreditamos que ela se estabelece espontaneamente a partir do momento em que adquirimos ciência das coisas e de nós mesmos. A “eudemonia” é fruto da busca de conhecimentos e da incorporação deles por nossa mente.

Antigamente os seres humanos viviam dominados pelo medo, pois ignoravam muitas coisas e o desconhecido sempre apavora. Perdemos o medo psicológicos dos fenômenos naturais quando entendemos o que são e como se manifestam. Para os raios criamos o para-raios e aprendemos como evitar ser atingidos por ele. Isso diminuiu nossas fontes de medos.