Abel
Aquino
Aproveito a deixa para dizer que, embora nosso
terreno seja diminuto, apenas 1.550m2, sendo que 400m2 é ocupado pela
construção da casa, mesmo assim plantamos e colhemos uma enorme variedade de
legumes. Temos, então, todo ano, abóboras, pimentas, cebolinhas verdes,
pimentões, jilós e até bananas.
Acredito que esses comportamentos parecem ser uma
espécie de regressão à vida mais primitiva. São “brancos” que perderam os
costumes mais urbanizados e contemporâneos. De qualquer forma, isso revela o
quanto é frágil a evolução cultural do ser humano. Qualquer descuido e volta ele
à época das cavernas, pelos menos em termos de costumes.
Mas,
voltando a falar da nossa diminuta chácara, não posso esquecer que interagíamos
com a natureza.Usávamos nossas temporárias estadias como momentos de
relaxamento e reflexões. Quando tive que regularizar o terreno, fui obrigado a
derrubar uma meia dúzia de arvores, ato pelo qual fui multado pela Polícia
Florestal. De qualquer forma, a casa ficou ilhada no meio da mata, com
frondosas árvores cercando os quatros lados do terreiro.
Com essa proximidade, somos, com freqüência,
visitados por bugios, macacos pregos, e até sagüis barulhentos. Nossos mais
assíduos vizinhos são as sabiás, as corruíras, os bem-te-vis e os Joãos-de-barro.
Vários outros pássaros freqüentam nossa redondeza, mas ainda não foram identificados. As beija flores fazem ninhos na lateral do
telhado e os tucanos comem coquinhos do Jerivá carregado, grasnando de forma
desagradável.
Os fins de semanas que passamos nessa chácara são a
melhor forma de recarregar as baterias e dar descanso ao corpo, depois de uma
semana agitada na maior cidade da América do sul. Sem contar que, nesses dias
podemos comer melhor, elaborando nosso próprio e variado cardápio, gozando de
forma saudável dos prazeres de alimentar-se bem, dormir até mais tarde e de
relaxar a vida, ouvindo o canto dos pássaros e o barulho do vento nas folhas
das árvores.