Uma sociedade simples como uma
aldeia indígena que não possui normas escritas de comportamento funciona melhor
que uma sociedade moderna baseada em leis e penalidades; por que acontece
assim?
Esse tipo de sociedade está fundamentada
sobre costumes e hábitos transmitidos de geração para geração através da
imitação e do exemplo paterno. É um sistema de educação não institucionalizado,
não planejado por um grupo especial de membros ou por um projeto de vida
escolhido pelos pais. As pequenas dissidências são condenadas de forma suava
pelos outros membros da sociedade, de forma que o membro desviante se sente
coagido a mudar seu comportamento em resposta a reação negativa da comunidade.
Nas sociedades regidas por leis
modernas essa educação básica e fundamental é desprezada em nome da educação
estatal, planejada aplicada com objetivos políticos.
Destacar: desprezamos a educação por imitação, pela
relação social e investimos na educação controlada, ou com o objetivo de
controlar cada indivíduo, como se ele fosse moldável, não pelo processo de
assimilação mas por meio de impossições.
Assim como temos médico para
cuidar da nossa saúde, advogado para nos ajudar a prevalecer sobre os outros,
psicólogo para fazer nossa cabeça, temos também professores para nos ensinar
comportamentos. O comportamento do professor ou da professora não é exposto ao
aprendiz e sim separado do contexto do ensino. O que o professor é
disvincula-se do que ele ensina, assim como não interessa ao tratamento médico
se o doutor é um bom marido ou um bom pai. É preciso, apenas, que ele seja um bom
especialista em medicina.
Qual é o resultado dessa
separação, dessa desvinculação?
A vida real tem aspectos tão
separados e independentes? Será que um médico para ser bom médico não precisa
ser um bom marido, um bom pai ou um bom membro da sociedade?
Da mesma forma um professor está
desvinculado, no ambiente de ensino, dos aspectos sociais da sua vida. É
possível ensinar dessa forma?
Outra questão é que o professor
não considera ou ignora a educação que a criança está tendo em casa no seio da
família e desvincula esse aspecto da formação do indivíduo. Muitas vezes o que
a criança ouve ou é ensinada a praticar pelo professor revela-se o oposto do
que vê e ouve em casa.
A educação é compartimentada, sem
distinguir entre ensinar habilidades manuais ou técnicas científicas e ensinar
a viver.
A arte e a ciência de viver é
enfiada guela abaixo do aluno como ser fosse a mesma coisa que ensinar como
desenhar, ou como funciona um motor de carros. A engenharia de viver é ensinada
como extensão da engenharia civil ou mecânica.
Daí que os avanços das chamadas
ciências exatas foi prodigioso nos últimos séculos e os avanços nas “ciências
humanos” foi insignificante.
No processo de ensinar uma
habilidade manual temos: explicação – demonstração – imitação e prática pela
repetição.
No processo de ensinar a viver bem
temos outra forma de aprendizado: observação – avaliação por comparação –
imitação e prática pela repetição.
No aprendizado técnico o professor
pode ser ignorado como ser social, pois está ensinando uma prática que não envolve
comportamentos afetivos diretamente. Já no aprendizado da ciência de viver, os
aspectos afetivos do ser humano são o ingrediente básico do ensino. Nesse caso o que o professor diz tem menos
importância que o que ele faz na sua vida particular. Não será por isso que as
escolas ensinam comportamentos de maneira insistentes e, no entanto, as pessoas
saem da escola como se nada tivessem aprendido?
Nenhum comentário:
Postar um comentário