sexta-feira, janeiro 19, 2018

ONDE SE APRENDE A VIVER UMA BOA VIDA?

Uma sociedade simples como uma aldeia indígena que não possui normas escritas de comportamento funciona melhor que uma sociedade moderna baseada em leis e penalidades; por que acontece assim?
Esse tipo de sociedade está fundamentada sobre costumes e hábitos transmitidos de geração para geração através da imitação e do exemplo paterno. É um sistema de educação não institucionalizado, não planejado por um grupo especial de membros ou por um projeto de vida escolhido pelos pais. As pequenas dissidências são condenadas de forma suava pelos outros membros da sociedade, de forma que o membro desviante se sente coagido a mudar seu comportamento em resposta a reação negativa da comunidade.
Nas sociedades regidas por leis modernas essa educação básica e fundamental é desprezada em nome da educação estatal, planejada aplicada com objetivos políticos.
Destacar:  desprezamos a educação por imitação, pela relação social e investimos na educação controlada, ou com o objetivo de controlar cada indivíduo, como se ele fosse moldável, não pelo processo de assimilação mas por meio de impossições.
Assim como temos médico para cuidar da nossa saúde, advogado para nos ajudar a prevalecer sobre os outros, psicólogo para fazer nossa cabeça, temos também professores para nos ensinar comportamentos. O comportamento do professor ou da professora não é exposto ao aprendiz e sim separado do contexto do ensino. O que o professor é disvincula-se do que ele ensina, assim como não interessa ao tratamento médico se o doutor é um bom marido ou um bom pai. É preciso, apenas, que ele seja um bom especialista em medicina.
Qual é o resultado dessa separação, dessa desvinculação?
A vida real tem aspectos tão separados e independentes? Será que um médico para ser bom médico não precisa ser um bom marido, um bom pai ou um bom membro da sociedade?
Da mesma forma um professor está desvinculado, no ambiente de ensino, dos aspectos sociais da sua vida. É possível ensinar dessa forma?
Outra questão é que o professor não considera ou ignora a educação que a criança está tendo em casa no seio da família e desvincula esse aspecto da formação do indivíduo. Muitas vezes o que a criança ouve ou é ensinada a praticar pelo professor revela-se o oposto do que vê e ouve em casa.
A educação é compartimentada, sem distinguir entre ensinar habilidades manuais ou técnicas científicas e ensinar a viver.
A arte e a ciência de viver é enfiada guela abaixo do aluno como ser fosse a mesma coisa que ensinar como desenhar, ou como funciona um motor de carros. A engenharia de viver é ensinada como extensão da engenharia civil ou mecânica.
Daí que os avanços das chamadas ciências exatas foi prodigioso nos últimos séculos e os avanços nas “ciências humanos” foi insignificante.
No processo de ensinar uma habilidade manual temos: explicação – demonstração – imitação e prática pela repetição.
No processo de ensinar a viver bem temos outra forma de aprendizado: observação – avaliação por comparação – imitação e prática pela repetição.

No aprendizado técnico o professor pode ser ignorado como ser social, pois está ensinando uma prática que não envolve comportamentos afetivos diretamente. Já no aprendizado da ciência de viver, os aspectos afetivos do ser humano são o ingrediente básico do ensino.  Nesse caso o que o professor diz tem menos importância que o que ele faz na sua vida particular. Não será por isso que as escolas ensinam comportamentos de maneira insistentes e, no entanto, as pessoas saem da escola como se nada tivessem aprendido?

Nenhum comentário: