Gosto de chamar
esse tipo de pergunta de pergunta de segunda ordem, ou seja, ela trás em seu
bojo uma série de pré-conceitos que, se não forem analisados antes, não adianta
responder a uma pergunta desse tipo, pois ela pode não ter sentido algum e
responder sim ou não, pouco importa. Se você estiver fazendo uma pesquisa para
ver o que pensam as pessoas vá lá, pode ser que faça
algum sentido. De qualquer forma se noventa e nove por cento das pessoas
pesquisadas responderem sim em vez de não, ou não em vez de sim, revela apenas
opiniões e opiniões não são critérios de verdade. Quando se faz uma pergunta
dessa, revela-se que as pessoas buscam felicidade fora de sim, em coisas, em
outras pessoas, em consumismo, em festas, em viagens a lugares fúteis. Antes de
tentar responder uma pergunta como essa, não faz mal nenhum perguntar se a
felicidade está na diversão, na gastança, no luxo ou está na vida simples, na
vida regrada, modesta mas suficiente. Pode-se também analisar a possibilidade
de a felicidade ser encontrada na compreensão da vida, no autoconhecimento, na
sabedoria de fazer escolhas que não tragam prejuízos físicos, psicológicos e
financeiros. A maioria das pessoas passa suas vidas sem exercitar seus músculos
mentais e usam o tempo consumindo as energias do corpo muito próximo da forma
como vivem os animais. Vivemos rigorosamente do cultivo de uma espécie de
pobreza de espírito, talvez acreditando que com isso conseguiremos acreditar
que somos eternos, indestrutíveis e inteligentes o bastante para enganar a
casualidade, a corrosão do tempo e a precariedade da vida. Mas, a todo o momento
vemos gente surpreendida pela morte, pelo acidente furtivo, pela doença
inesperada, pelas amargas conseqüências de escolhas feitas sem avaliações críticas.
Muitos acordam tarde de mais para descobrir que viver não é uma eterna
brincadeira e que a tragédia ou a boa sorte tem mais ou menos a mesma
probabilidade de nos surpreender a qualquer momento.
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