terça-feira, fevereiro 19, 2008

Panambi

Fomos almoçar no restaurante vegetariano. Alí a gente pode saborear uma variedade enorme de comida. Gosto de começar pela sopa de ervilha, depois como saladas e finalmente passo para os pratos quentes: torta de legumes, quibes, bolinhos e macarrão. Não posso deixar de falar do pãozinho que acompanha a sopa e é uma delícia.
Depois fomos andar um pouco no parque do Panambi, batizado de Burle Marx. Ali foram construidas três trilhas pela mata; uma com mais de um quilomentro, outra menor e a última de pouco mais de trezentos metros. As trilhas percorrem - desde um pequeno lago e subindo - as partes mais densas da mata e a gente caminha sob a sombra, contornando raizes e troncos de coqueiros. O ar está impregnado do cheiro das folhas e do humus. Há uma árvore caída e eu resolvemos caminhar por ela como se fosse por uma pinguela. Andamos por todas as três trilhas e percorremos até os atalhos.
Depois fomos para a área de gramado, onde as pessoas - muitos casais com seus filhos - descançam e deixam o tempo passar. As crianças percorrem as alamedas com suas pequenas bicicletas e velocípedes, enquanto os casais de namorados conversam abraçados e olham as placas que indicam os nomes das diferentes árvores.
É inicio de inverno e o tempo está um pouco frio. O sol não chega a aquecer as nossas costas. Resolvemos sentar numa mureta de pedra com os pés suspensos no ar e podendo ver toda a parte baixa do parque, desde a entrada do estacionamente, onde cresce uma enorme touceira de bambu, até a outra extremidade, com enormes jaboticabeiras que fazem sombra sobre as ruinas de uma casa antiga, com paredes de adobe, um tipo de tijolo cru, comum na era colonial.
Depois de mais ou menos uma hora alí sentados, namorando e relaxando o corpo e a alma, resolvemos ir embora. O dia estava terminando.
Um dos maiores problemas dos parques de São Paulo é a superlotação e com ela o acúmula de lixo e a presença de gente de todo tipo. Isso trás intranquilidade. Não sabemos quem está ali para relaxar, quem está para passear ou quem está para roubar. O parque do Ibirapuera é um exemplo disso. Uma cidade grande tem essa característica de você ser obrigado a conviver com desconhecidos, com gente de todas as partes do país. É preciso adotar certa atitude que não teria em cidades pequenas. Nossas áreas públicas são públicas demais, ou seja assustam as pessoas pela possibilidade de ser surpreendidas por acidentes desagradáveis. É triste isso. Mas acredito que seja inevitável em se tratando de uma imensa metrópole. As pessoas não trazem na testa escrito o que são e nós tentamos adivinhar se aquele sujeito encostado naquela árvore é apenas um cidadão descançando ou um perigoso assaltante. A maioria adota a postura de desconfiar de todo mundo e é uma pena. Por isso é muito difícil iniciar uma conversa com desconhecido; todos desconfiam de todos. As vezes criamos esteriótipos de que gente mal vestido, mal encarado, é suspeita. Mas isso só isola as pessoas umas das outras. Numa grande cidade todo mundo constróe muro, não só em volta de casa, mas em volta de si mesmo.

Um comentário:

Unknown disse...

Pois é pai...
As pessoas estão no seus limites. A modernidade trouxe consigo problemas não imaginados ( ou talvez sim).
Temos que andar desconfiados porque os direitos humanos barra o poder da policia. Porque as pessoas já estão sem etica e moral.
Como já dizia Jung,entre a racionalidade e a loucura existe só um fiu. Todos estão sujeitos a te roubar, ainda mais que os pais criam seus filhos sem leis. Cresce sem respeito, sem limites, cheio de individualismo e obvio sem responsabilidade.
E triste... como diz num filme que assisti... a 4ºguerra será de paus e pedras.