Eu vinha pela
rua, atravessando na chamada faixa de pedestre, quando um carro apareceu
bruscamente e, sem ligar a seta, dobrou à sua esquerda em minha direção. Eu já
estava quase no meio da rua, e o motorista do carro tocou na buzina em
advertência e passou rapidamente pelo espaço entre eu e a calçada, a trinta
centímetros de mim. Instantaneamente subiu-me um ódio do motorista apressado e
lembrei quase simultaneamente da lei de direitos do pedestre. Era uma raiva,
inicialmente contra o tal motorista, mas depois foi se desviando para as leis
de trânsito. Perguntei a mim mesmo como seria minha raiva se não houvesse
nenhuma lei de trânsito? Estaria eu
menos protegido do que estive naquele momento, com todas essas leis e esses
regulamentos de trânsito?. Afinal, para que serve a lei? Ou precisamente: essas
leis tem alguma funcionalidade para me proteger, talvez por meio de algum poder divino, de não ser atropelado?
O problema dessas leis, como muitas outras, é que demandam um aparato policial, demandam
vigilância, demandam um corpo de pessoal com a função, ou de forçar as pessoas
a cumprir as leis, ou de castigar. Agora, quantas faixas de passagens existem
em São Paulo, quantos cruzamentos em encontros de ruas e avenidas, sendo a cada
momento utilizados pelos milhões de pedestres?
Para que leis, com a intenção de proteger os pedestres,
fossem realmente eficientes, seria necessário um policial em cada esquina, ou uma autoridade
qualquer, com o poder de multar, prender ou pelo menos inibir esses atos.
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