Todo filho, lá pelos 15 anos, entra na fase de
aprendiz de rebelde. Foi nessa época que o pai perguntou ao garoto:
- Filho, o que tem aprendido na escola?
- Há, pai, aprendi que você... bem, não posso falar.
- Como assim filho? Pode falar. Sabe que seu pai tem
a mente aberta e não recrimina você atoa.
- É, que, pai, que descobri que você é um opressor.
- Opressor?
- É. Opressor porque você é empresário, tem muitos
funcionários e explora eles.
- ´Tá brincando?! Eu opressor? Quem pôs essa
besteira na sua cabeça, filho?
- Ninguém pai. Descobri por mim mesmo. Minha
professora pediu para fazer uma redação baseada na relação entre ricos e pobres
na sociedade capitalista.
- Há! É isso? E o que mais?
- Tinha que explicar porque e como os empresários
exploram a classe trabalhadora.
- Entendi. E você se colocou em qual classe?
- Eu? Não exploro ninguém....
- Há, é! E quem sustenta você é o trabalhador ou o
empresário?
- Como assim?
- Quem dá sua mesada mensal é o empregado ou é seu
pai?
- Eu não escolhi ser filho de empresário rico. Nasci
e pronto.....
- Pois bem. Já que eu sou explorador dos pobres não
seria justo você viver do dinheiro que eu supostamente arranco do lombo dos
meus empregados. Então, vou cancelar sua mesada.
- Poxa, pai! Isso é sacanagem!
- Não. Estou apenas querendo respeitar sua convicção
e evitar que seja hipócrita.
- Bem pai, não precisa levar isso a sério. Era
apenas uma redação. Se escrevesse que o empresário não explora o empregado, a
professora diria que estou errado e me daria zero de nota.
- Então o problema é que você se vê forçado a seguir
a onda? Tenho uma solução para isso. Vou tirar você dessa escola e colocar
noutra que não ensine esses absurdos a você.
- Mas não é absurdo! Você não vive do trabalho de
seus empregados?
- Você também vive, filho.
- Sei pai, mas não é exploração?
- O que você acha? Seria melhor ele não ter emprego
e dizer que ninguém o explora mas não ter renda nenhuma ou ter emprego e
salário para sustentar sua família?
- Acho melhor ter emprego.
- Filho, as coisas são muito mais complexas do que
tenta passar sua professora. Eu abri essa empresa porque vi mercado para o que
pretendia produzir. Sabia que poderia contratar pessoas para trabalhar pra mim.
Imagine que eu não pudesse ter empregado, eu não produziria nada e o pobre não
teria renda a não ser por seu próprio empreendimento.
- É complexo mesmo.
- Eu tinha dinheiro que herdei de seu avô e pude
ainda contrair empréstimos no banco. Arrumei sócio e comprei o terreno e
construí a fábrica. Você acha que o pobre poderia se envolver num negócio
desse?
- Seria difícil, resignou o filho.
- Não há exploração só apenas cooperação e parceria.
Criei uma fonte de rede para mim com a abertura dessa empresa e criei uma fonte
de renda para meus funcionários também. Ambos temos benefícios do negócio. É
isso que chamo de parceria.
- Nossa, pai! Estou vendo que é melhor mudar de
escola!
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